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A apropriação das descobertas da ciência pela sociedade depende da democracia. Em um mundo capitalista, onde reina o neoliberalismo, dominado pelos interesses do aparente “sujeito mercado”, os avanços da ciência, que poderiam ser para o benefício de todos, de toda a humanidade, ficam restritos aos senhores da riqueza e das grandes corporações. Neste mundo, as políticas públicas e as responsabilidades do Estado para seus cidadãos minguam, se exaurem ou são transferidas como mais um nicho de mercado para os interesses privados. Com a pandemia do COVID-19 em 2020, ficaram escancaradas as desigualdades sociais, econômicas, de classe social, gênero, raça/cor, definindo quem é ou não mais vulnerável em suas transversalidades ou na combinação destas. Ser mulher não-branca pobre, e se a isso for acrescentado, migrante, se identifica como a situação de maior vulnerabilidade, onde patriarcalismo, xenofobismo e racismo estrutural exploram e dizimam populações.